quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Recebendo a notícia..


Hoje passei o dia pensando o que eu escreveria.. Tive vontade de escrever eternamente sobre os momentos de tristeza e de sofrimento que passei e que estamos passando.. Mas ai pensei, há o blog não é pra isso.. vai ser muito intimo contar a todo mundo coisas que as pessoas mais próximas de mim não sabem.. Mas ai a Sara postou no Seja bem-vinda Ester que seu eu quisesse chorar, gritar, postar meus sentimentos mais tristes e tudo o que eu quisesse escrever, por isso resolvi escrever hoje.. 

Então pensei que seria melhor eu escrever sobre o que já passou, acho que isso vai me ajudar a dar valor ao futuro.. e as nossas conquistas.. Vou começar contando como foi saber o diagnóstico da minha mãe.. Não sou muito boa com datas, mas sei que a mãe estava internada e eu a tia Dija a Carla e a Alana fomos ao hospital visitar minha mãe, naquele dia eu jamais tinha imaginado que minha mãe poderia ter Câncer, eu entrei com a Carla e foi tudo normal, minha mãe não falou nada de diferente.. na verdade não falou muita coisa..

 Com a minha tia ela desabafou, contou tudo o que os médicos tinha falado, e fez uma coisa que ela quase não fazia, chorou.. Como estava de férias da escola eu estava na casa da tia.. e quando chegamos do hospital a tia Dija estava muito abalada, chorou, deu crises de nervos, e acabamos conversando sobre o que tinha acontecido ..

 
Naquele momento eu não imaginava o que poderia estar acontecendo, e quando a tia me falou que o médico tinha dito pra ela que só restavam 4 meses, até hoje não sei o que eu sei expressar em palavras o que senti.. Foi uma mistura de dores psicológicas e físicas, ao mesmo tempo que chorava mordendo a almofada, gritava, na verdade me sentia como se estivesse sangrando por dentro.. Quanto mais eu pensava, mais me duia.. me passou tantas coisas pela cabeça naquele momento.. Pensei como seria se minha mãe morresse, o que faríamos de nossas vidas.. O que seria de mim, do meu pai..Mas passou.. demorou mas aquela dor que parecia não ter fim acabou adormecendo... Depois voltei para minha casa.. Não me lembro quantos dias depois +/- 1 semana a Sara me chamou na casa dela.. Eu já sabia o que iria ouvir.. Mas sabia mas não acreditava... não o que passava pela minha cabeça, parece que sofri tudo que tinha que sofrer naquele dia e depois bloqueei aquelas notícias ruins que a tia tinha me dito. Quando a Sara começou a falar minha mão ficou gelada e tremula, eu não queria ficar ali... queria sair correndo e não ouvir nada... não queria acreditar em nada.. de certa forma eu não acreditava no que a tia Dija tinha me dito, e Sara estava me contando e dizendo que era verdade e ainda um pouco pior.. De certa forma foi quase um atestado de óbito pra mim.. Não queria chorar.. Como disse queria sair correndo dali.. Não perguntei nada, porque eu não queria saber de nada.. Fiquei parada sem dizer nada.. apenas com os olhos cheios de lágrimas.. e disse que iria embora.. ai a Sara falou: ..." se quiser chorar, fique a vontade estamos aqui pra isso..."  eu já estava em pé para ir embora.. ai o Zeu (meu cunhado) me abraçou e não consegui conter o choro.. chorei.. chorei.. chorei muito... mas sentia que nunca ia parar de chorar... aquele abraço não me consolou.. apenas aparou minhas lágrimas e me fez saber que tinha pessoas ao meu redor.. Depois deitei no colo da sara e chorei por mais algum tempo.. mas eu precisava ficar sozinha, então levantei para ir embora.. dei xau pra eles no portão depois de dois passos da casa dela comecei a chorar..Entrei em casa fui pro meu quarto mordi o travesseiro.. fiz todas aquelas perguntas que fazemos porque.. não é justo.. me lembro que estava sem celular e o samuel chegou em seguida, ai desci até o quarto dele para pedir o celular dele emprestado para ligar pro Anderson (meu noivo), o samuel disse que iria usar e já me dava.. então me deu outra crise de choro, pois eu apenas tinha secado as lágrimas para falar com o Samuel.. sai gritando e chorando.. parecia estavam me batendo..  difícil expressar o que senti.. foi terrível.. como disse parecia que era um atestado de óbito.. Que desespero.. quanto mais eu pensava, mais eu chorava.. falar com meu namorado não me consolava.. nada me fazia parar de chorar .. Me deitei coloquei alguns inos no meu celular e ouvi a voz de Deus.. Aqueles hinos me acalmaram...Como poderia dizer que confio em Deus e já estava desistindo antes de começar.. Deus me consolou como vem consolando até hoje.. A questão de chorar.. no começo foi mais difícil...  Todo momento que eu pensava no que estava acontecendo eu chorava, e Deus sempre se mostrou fiel e me amparou.. Hoje mais de um ano depois ainda choro.. mas estou mais confiante.. ou simplesmente mais acostumada, ou mais calejada com tudo.. Com a rotina de hospital.. balde de vomito.. tosses que não se acabam nunca.. cabelo pela casa... falta de ar.. e o pior de tudo "as lágrimas" que agora não são minhas.. Agora são da mulher que nunca chorava, que era forte, que mandava em todos nós.. Como posso me dar ao luxo de chorar, demonstrar fraqueza sendo que ela está fraca, abatida, agora ela precisa de mim.. 

Não digo que não choro mais.. tem dias que qualquer palavra mais ríspida comigo é motivo de chorar a noite inteira... Fácil não está sendo, mas Deus sabe de todas as coisas, e ele só nos da o peso que aguentamos carregar.. e quanto está  muito difícil ele nos ajuda.. 

E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
 Sei que a luta está difícil, mas Deus se faz presente em meu coração e na conotativa no versículo Jesus vai pousar em minha casa, e vamos estar preparados para recebe-lo..

No próximo post vou falar sobre a minha vida.. o que ando fazendo além da doença da minha mãe.. Porque por mais que seja difícil devemos ter uma vida, uma rotina(se possível) além da doença..
Beijos aos leitores.. até mais..

Por Ester Atanabi


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